Jovens Lições

“Deus está além de Deus”, disse Paul Tillich. João afirmou: “Nunca ninguém viu Deus”. Moisés, que falava com Deus com intimidade ímpar, contentou-se em contemplar as “costas” divinas. 

Um Deus que se submetesse a uma dissecação teológica, filosófica ou argumentativa não seria Deus. A mente humana não consegue sair das margens do conhecimento espiritual. Deus reside no infinito oceano da eternidade. Seu trono foi estabelecido bilhões de quilômetros depois da última galáxia, lá nos confins do universo. Mesmo que a luz, com sua incrível velocidade, percorresse eternamente a extensão do cosmo, mesmo assim, não chegaria até a morada do Altíssimo.

Teologia não estuda a anatomia espiritual de Deus; não consegue torná-lo compreensível; não o revela e nem o torna palatável. Um Deus concebível pela mente humana seria menor do que a própria mente, já que conseguiu abarcá-lo. Esse deus seria, portanto, o resultado dos raciocínios, ou seja, um ídolo. 

O que é teologia, então? A hermenêutica da história a partir da experiência do mistério absoluto. É a maneira como as pessoas se organizam, estabelecem suas relações sociais, seus acordos relacionais, desde o encontro que tiveram com o sagrado. 

O que se conhece de Deus será sempre provisório. Não porque Ele seja mutável, mas as pessoas são. A teologia altera realidades históricas, mas o contrário também é verdadeiro: tragédias, pestilências, organização política, escravatura, influenciam o labor teológico. Não há como negar que mulheres sofrem destrato das religiões devido à influência cultural – judaísmo e cristianismo inclusive. A percepção que a teologia alcançou atualmente sobre as relações de Deus com os escravos, por exemplo, não é a mesma de Moisés, de Paulo ou de Santo Agostinho. Deus mudou? Não, a teologia sim.

Teologia é o estudo dos processos de sabedoria, solidariedade, busca da virtude das diversas culturas a partir do conhecimento que alcançaram do Divino. Algumas culturas desenvolveram sistemas perversos com o pouco conhecimento que reuniram sobre Deus. Sacrificaram os filhos, escravizaram nações vizinhas, dizimaram etnias, rapinaram riquezas – tudo em nome de um ser superior. A busca de conhecer a Divindade também gerou beleza artística – Bach, Hendel, Michelangelo que o digam; nobreza ética – Ghandi, Martin Luther King e Desmond Tutu com a palavra; solidariedade – Madre Teresa de Calcutá e todos os missionários com semelhante paixão.

Deus não será diferente a partir do entendimento que os humanos têm dele, mas as pessoas serão. O importante não é a verdade absoluta que a teologia elabora, mas o tipo de pessoa que ela produz. 

Ricardo Gondim
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Existem perguntas clássicas direcionadas ao Cristianismo. Do gênero, se Deus é bom, como pode existir o Mal? Afinal, Ele criou tudo não foi? Criou o mal também? Isso não faz muito sentido! E o por quê de tanto sofrimento no mundo? Miséria, guerras, estupros, pestes e todos os outros males sociais conhecidos? Para estas e muitas outras indagações, existem respostas bem fundamentadas, contudo, poderemos tratar delas em outros posts. O que nos traz aqui hoje é outra pergunta, também clássica, acerca do inferno. Por que um Deus Bom Enviaria as Pessoas para um inferno Eterno?

Vamos entender o que pode significar o inferno na visão Cristã.
Os cristãos acreditam na existência de dois lugares transcendentais, o Céu e o inferno. O primeiro é um lugar bom e bonito onde todos querem estar. O segundo é um lugar quente e escuro de onde todos querem distância. Estas são as definições vulgares dadas por muitos, cristãos ou não. Isso pra quem acredita na existência destes lugares obviamente, pra quem não acredita é indiferente.

Sabemos que o inferno é um lugar preparado por Deus para o diabo e seus anjos (Mt 25.41). Acredito que isso podemos interpretar literalmente. Agora suscito uma questão: Sabendo que o diabo, juntamente com seus anjos, são seres Espirituais, como pode existir fogo físico no inferno? Os seres espirituais não podem ser
afetados em sua estrutura por coisas naturais/materiais. Acredito que o fogo do Inferno não deveria ser equiparado com o fogo que conhecemos. Isso sim não faz muito sentido.

Retomando nossa problemática inicial: O que há de tão ruim no inferno? E se é ruim, por que Deus o preparou? Eu, particularmente, gosto de definir o inferno como a ausência de Deus. Escuridão e chamas não podem coexistir. Literalmente, é ilógico. O que acontece no inferno, pode ser enxergado como uma angustia sob a falta de esperança em Deus. Visualizo a escuridão como a impossibilidade de ver ou sentir a Deus, e o fogo como a dor na alma por conta dessa impossibilidade.

Mas afinal de contas, que tipo de Justiça é essa, onde Deus puni as pessoas eternamente por pecados cometidos numa existência terrena limitada?

"Os que estão no inferno cometeram o pecado supremo, e infinito - não apenas uma cadeia de pecados finitos - ao rejeitar o relacionamento com o Deus que se deu a Si mesmo. Além disso, o inferno é o resultado lógico de uma disposição de se viver separado de Deus - não apenas cometendo pecados individuais. A punição é adequada ao crime. Você não quer Deus, você não ganha Deus. Há dois tipos de pessoas: as que dizem a Deus: "Seja feita a Tua vontade", e aquelas a quem Deus diz: "Seja feita a tua vontade"." (C. S Lewis).

Este é o ponto no qual eu queria chegar. As pessoas decidem não crer em Deus, logo, não desfrutarão dEle. Decidem viver sem reconhecer a dependência de Deus, e vivem. Deus sabe o que é realmente bom pra você, mas acredite, Ele não vai te obrigar a aceitar isso. Temos um senso deturpado sobre o conceito aplicável de Justiça, por isso exclamamos muitas vezes: "Mas isso não é justo!", sem parar pra pensar que muitas de nossas escolhas nos levam inevitavelmente ao que chamamos de injusto... ao sofrimento... ou ao inferno!


Graça e Paz do Nosso Senhor Jesus!




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